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Resiliência e a Capacidade de Superação e Elaboração

Resiliência e a Capacidade de Superação e Elaboração

“Um trabalho de atribuição de sentidos é indispensável para estender a mão a um agonizante psíquico e ajudá-lo a recuperar um lugar no mundo dos humanos”.
(Cyrulnik, 2006)

Alguns sujeitos, não se contêm a atitude de permanecerem submetidos ao trauma, reagem pelo meio de seu potencial de resiliência, apartando-se do evento adverso, formando uma vida intra e extra psíquica respaldada no fortalecimento subjetivo expandindo sua percepção sobre o significado do existir. (Czerni, 2005).

O sujeito resiliente, como alguém que consegue transformar sua subjetividade, do viés negativo da patologia para os potenciais positivos, desenvolvendo-se munido da capacidade de enfrentar de forma apropriada as exigências do cotidiano, não obstante a presença das adversidades, mas sim com habilidades para supera-las.

Analisando que a resiliência é um processo dinâmico, sem atribuir ao conceito à ideia de uma característica humana permanente ou incondicional, conclui que não seria apropriado afirmação que se é resiliente ou não é resiliente, pois a potencialidade de superação está submissa à forma como o sujeito experimenta e elabora as adversidades existenciais; do mesmo modo que a vulnerabilidade também é alternada de acordo com os desafios expostos, sendo que a percepção do que pode ser apreciado como traumático acontece de forma subjetiva.

A aptidão individual em lidar com as situações estressoras é fator tanto imprescindível para o acréscimo da resiliência, quanto à forma de conduzir seus efeitos. A reflexão subjetiva, a forma de perceber-se a si próprio, sustentarão a perspectiva de conseqüências favoráveis ou desfavoráveis no processo de desenvolvimento psicológico, e que, formulações internas que ruminem em torno da autodepreciação, desproteção e autopiedade sustentam emoções desvantajosas vinculadas às lembranças traumáticas e aguçam o sentimento do desconforto emotivo.

Os autores Elsen e Lacharité e Silva (2003), em estudos sobre as contribuições de Walsh (1998) sobre a resiliência, reafirmam que neste conceito estão subentendidos mais do que a questão da sobrevivência, da superação em situação adversa, ou até mesmo o escoamento de uma privação: representa uma oposição à ideia de que indivíduos que nascem em ambientes desfavoráveis estão predestinados a se tornarem adultos com a saúde psicológica comprometida. Mas sim considera que alguns sobreviventes de experiências catastróficas não são exatamente pessoas resilientes devido à atitude de centrarem suas vidas nas experiências negativas que vivenciaram, desconsiderando assim, outras dimensões de sua existência. Para estes autores, pessoas resilientes propagam certas aptidões que defendem a autonomia e o compromisso com sua própria vida.

Haudenschild (2005) pressupõe a criatividade como meio plausível para a superação de circunstâncias adversas, para a autora a resiliência está agregada à capacidade de elaboração de novos pontos de vista ao longo do ciclo vivencial. Afirmação que vem de encontro com a definição dada por grande parte dos pesquisadores do conceito deste fenômeno, em que a resiliência é definida como um potencial humano que permite o enfrentamento ou superação das adversidades pelo meio da criação de novas alternativas vitais.

Segundo Cyrulnik(2009) com uma única vida, pode-se historiar muitas autobiografias. Não se faz necessário mentir, basta deslocar uma palavra, alterar um olhar para iluminar outro aspecto da realidade que estava até então adormecido.

A eficácia da resiliência provém muito mais da busca de sentido do que do próprio sentido.

Lucimara Cadorini

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