É sabido que fazemos parte de uma sociedade capitalista que exigem de seus membros o sucesso e a felicidade, e que nesse sistema promete que posam ser adquiridos.
Fala-se em modernidade, em tendências, em estilos, fala-se na urgência, do não perder tempo, do não perder as “oportunidades” que o capitalismo oferece. Exige que seus membros estejam informados, interligados, globalizados, não havendo espaço para o sujeito existir enquanto “subjetivo/singular”, pois na sociedade moderna este é visto como mais um em meio à multidão, e reconhecido apenas em sua condição animal/biológico pelos tratamentos psicofarmacológicos, que prometem prazer e satisfação imediata, juntamente com as “possibilidades que o capitalismo oferece”. São promessas e exigências que traz em si a manifestação de novos transtornos para os indivíduos que fazem parte desta dinâmica social. (BIRMAN, 2000)
Vivemos num tempo no qual não há espaço para a dor, para o desencanto e para o desconforto psíquico. A angústia, que é importante para a elaboração de conflitos e amadurecimento emocional, não é bem vista, portanto, é algo a ser evitado a qualquer custo. Um tempo sem tempo. Incapaz de avaliar a dinâmica de cada situação, suas peculiaridades, seus significados que se faz singular na vida de cada sujeito.
Atualmente muito se fala sobre patologias e transtornos emocionais/mentais, há sempre um novo método de tratamento um novo medicamento que promete a cura sem dor e reintegração do paciente a sociedade. Mas nada que possa aliviar as dores da alma.
É notório constatar a fragilidade humana, um bebê é incapaz de ter autonomia ao longo de muitos anos, embora haja impulsos em direção a vida, necessidade de sobrevivência de autopreservação. Sua estrutura física e psíquica é vulnerável, portanto se faz necessária a presença de um cuidador/tutor. Assim sendo, estamos diante da raiz do desamparo humano, do principal sentimento que antecede todos os outros sentimentos e sintomas, estamos diante da angústia.
A psicanálise tem por objetivo investigar e procurar entender os possíveis mecanismos psíquicos inconscientes subjacentes a processos psíquicos complexos. Ao passo que na angústia atual possam estar presente em possíveis dramas infantis. A investigação dos sentidos da angústia tende a proporcionar recursos para ajudar na elaboração do sintoma manifesto, a fim de promover a esperança de uma alteração criativa, um fortalecimento do mundo psíquico.
Lucimara Cadorini