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FOBIA, entre Angústia e Ansiedade

FOBIA, entre Angústia e Ansiedade

Os fóbicos vivem entre angústia em conseguirem fugir, e ansiedade de poderem evitar o objeto/situação que representa o seu medo.

É importante notar que a idéia de angústia em Freud provém do fato de que as crianças pequenas são seres indefesos e profundamente dependentes da atuação dos pais, por um período muito mais longo do que qualquer outra espécie, para reduzir os estados de tensão decorrentes de fome, sede, perigo, frio e assim por diante. A experiência do desamparo é tida como protótipo de todas as situações de trauma. O trauma surge quando o organismo não consegue regular o seu estado e fica sobrecarregado. Emanuel (2005)

Portanto, a angústia tem uma função de sinalização do perigo, seja ele real ou imaginário, com o objetivo de evitar que o organismo se sobrecarregue, com a emoção que está por vir, como se esta fosse de caráter avassalador e traumático.

Se a emoção que está por vir é antecipadamente reconhecida, ela pode ser associada a uma resposta defensiva, de esquiva ou de controle, como acontece nos transtornos fóbicos e obsessivos.

“A maioria das pessoas não questiona porque uma criança tem medo do escuro”. (WARD, 2005, p. 6). Segundo esse autor, Freud percebeu que estímulos e respostas não faziam sentido, sendo desproporcionais, apontando a influência de fatores inconscientes, pois a suposta relação de causalidade era para ele pouco mais que uma ilusão. Fato este que acontece em relação às fobias, ou seja, o sujeito se encontra aterrorizado com algo, num tempo irreal, pois sua atenção não está envolvida com nenhum perigo identificável, real, do tempo presente. Sua reação fóbica apresenta informações conflitantes, incoerentes e discrepantes com a realidade, o sujeito fica num estado mental de esquiva, incompatível com a realidade de sua vida, que não está sofrendo ameaça. Portanto, as fobias não fazem sentido real, é um medo irracional, que não tem correlação com o tempo presente, mas sim com resquícios do tempo passado.

Por essas constatações chegamos supor que não seja possível uma explicação única para o surgimento da fobia, além de atribuí-la à angústia, existe a contribuição da ansiedade de aniquilamento (risco imaginário de ser devorada ou destruída pelo objeto), de separação (risco imaginário de perder o objeto), de desamparo (de ser abandonada pelo objeto) e de identificação (identificação com a fobia ou fobias dos pais). O sujeito utiliza uma simbolização um deslocamento da ansiedade(s), ou seja, a representação de algum fato (lembrança) que remete a outro, um objeto mais tolerável para o sujeito. (ZIMERMAN, 2004).

Nesse sentido, o sujeito fóbico está alicerçado às angústias mais primitivas do desenvolvimento psíquico, carente de questões ligadas à segurança, à confiança. Questões essas que em nossa sociedade individualista e competitiva, vem a reforçar estes sentimentos de abandono, de desconfiança, em que seus membros vivem em constante estado de cautela e alerta.

Lucimara Cadorini

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