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Pensando Sobre o Conceito de Resiliência sobre a luz da Psicanalise

Pensando Sobre o Conceito de Resiliência sobre a luz da Psicanalise

A resiliência pode ser qualificada como um fenômeno; ou um funcionamento; ou uma arte de se adaptar às situações adversas, seja biológica e ou sociopsicológica, sujeitos que desenvolvem capacidades ligadas aos recursos internos e ou externos; intrapsíquicos e ou ambiente social e afetivo, sujeitos que consentem unir uma construção psíquica adequada à inserção social. (Laranjeiras, 2007).

Alicerçando-me em conceitos psicanalíticos vitais para a apreensão do conceito de resiliência. Sabendo-se que esses conceitos auxiliam na compreensão do funcionamento dos sujeitos. A resiliência pode se dá no processo analítico, pois advém de uma relação afetiva, podendo consequentemente ocorrer na relação analítica.

Na esfera da saúde mental humana, o conceito de resiliência tem sido estudado como constructo de reflexão sobre a prática psicanalítica e possíveis atuações clínicas de resposta ao “trauma”. “Acontecimento da vida do indivíduo que se define pela sua intensidade, pela incapacidade em que se acha o indivíduo de lhe responder de forma adequada, pelo transtorno e pelos efeitos patogênicos duradouros que provoca na organização psíquica. Em termos econômicos, o traumatismo caracteriza-se por um afluxo de excitações que é excessivo, relativamente à tolerância do indivíduo e à sua capacidade de dominar e de elaborar psiquicamente estas excitações”. (Laplanche E Pontalis).

“Quando lidamos com as nossas diferentes realidades: quando nos sentimos em perigo; quando transformamos um fracasso em oportunidade; quando a crença irracional, num contexto em que tudo morre, possui uma função de reasseguramento? A morte e solidão brotam como alavancas. […] Resiliência, solidão e caos estão relacionados com integração.” (Colao, 2011).

Colao (2011) descreve sobre a capacidade de resiliência humana e reafirma a ideia elaborada por Freud, de que o movimento adotado pelos eventos psíquicos é basicamente regulado pelo princípio do prazer; ou seja, pela consequência provocada pela tensão desconfortante. E conjecturando sobre o movimento humano de busca de sentido à realidade vivida.

“A abstração obriga-nos a encontrar as leis gerais que nos permitem dominar ou evitar o adversário, enquanto a ausência de perigo autoriza o entorpecimento intelectual” (Cyrlnik, 2001).

A mente não apreende em si a vivência, conforme Freud nos elucidou, assinala apenas traços mnêmicos que, durante a vida passam por um processo gradual de modificações que são inseridas no psiquismo de forma repetida, ou seja, as lembranças traumáticas apresentam-se ao longo da história de vida do sujeito através de uma interpretação atualizada, com a proposta de banir da mente o desconforto da realidade presente. (Doin, 2005).

Toda a adversidade ativa nossas emoções, assim como ativa nossas capacidades de enfrentar a situação. Reconhecer os motivos que disparam as emoções, e encontrar maneiras de lidar melhor com elas e o desafio notório da clínica psicanalítica, pois todo relato sugere um projeto de libertação.

Para Deslandes e Junqueira (2003) o conceito de resiliência revela o encontro de vias para reestruturação psicológica após um evento severamente negativo, ou seja, a disposição subjetiva do sujeito, em determinadas ocasiões e em certas circunstâncias, de não ceder aos episódios desafiadores. Os autores também destacam a importância da relatividade subjetiva e do contexto, assim como o ponto de vista de superação de eventos potencialmente estressores e, declaram que o termo resiliência traduz de forma conceitual a possibilidade de superação em um sentido dialético, o que representa não a supressão, mas a atribuição de um novo significado ao problema.

“O relato é o instrumento por meio do qual o indivíduo procura vencer seu destino”.
(Freud, 1938-1939)

Lucimara Cadorini

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